Conhecida também como Oxigenioterapia, a Terapia Hiperbárica (HBOT) é um tratamento recém-chegado na medicina equina, inspirado na medicina humana. Essa terapia consiste na administração de uma fração inspirada de oxigênio puro (100%) em um ambiente hiperbárico, ou seja, com pressão superior à atmosférica ao nível do mar. Uma elevação de duas a três vezes à pressão atmosférica resulta no aumento da concentração de oxigênio arterial e tecidual (Ulkur, et al, 2007), o que força a oxigenação de vasos sanguíneos e tecidos lesionados.

Pesquisadores do Kentucky Equine Research em 2005, constataram que a terapia beneficia o paciente ao aumentar os níveis de oxigênio no corpo, estimulando o crescimento de novos vasos sanguíneos em tecido ósseo ou tecidos moles; reduzindo o inchaço e inflamação, permitindo que o sangue flua mais livremente para a área afetada; aumentando a capacidade dos glóbulos brancos em destruir bactérias de tecidos lesionados devido à alta concentração de oxigênio, destruindo também bactérias anaeróbicas. A importância do efeito sobre os vasos sanguíneos é que o novo vaso capilar em crescimento é crucial na cicatrização de tecidos para várias lesões e aumenta a capacidade do corpo em permitir a penetração de antibióticos em áreas que anteriormente apresentavam fraco fornecimento de sangue.

À medida que cada sessão começa, o cavalo entra na câmara e a porta hermética é firmemente trancada. A pressão do ar aumenta gradualmente, disponibilizando oxigênio no chão e removendo lentamente o ar através do teto. Após cerca de 30 minutos, a pressão do tratamento e a concentração máxima de oxigênio são atingidas. O tempo total na câmara varia de 45 a 60 minutos (Hagyard Equine Medical). Após suspender a aplicação, o oxigênio no sangue arterial cai rapidamente, porém a hiperoxigenação tecidual permanece elevada por várias horas, dependendo do tecido tratado (SHERIDAS 1999).

Figura 1 – Cavalo em tratamento com oxigenioterapia. Fonte: Anne M. Eberhardt / The Horse

Veterinários e médicos que prescrevem a terapia explicam que a pressão elevada e a concentração de oxigênio na câmara se combinam para forçar mais oxigênio na corrente sanguínea do paciente com cada movimento respiratório. Isso aumenta a quantidade de oxigênio dissolvido no sangue e torna o oxigênio mais disponível para os tecidos lesionados. Portanto, quando se respira O2 puro, a osmolaridade aumenta. Eles relatam que isso pode promover a cura, especialmente em grandes feridas onde o suprimento de sangue foi comprometido. (STEELMAN, 2012). Desta forma, durante a oxigenação hiperbárica a atração osmótica de fluidos para o sangue poderá obter ação importante na reabsorção do edema de tecidos traumatizados. Além disso, a disponibilidade do oxigênio facilita condições teciduais para que as funções de defesa local voltem a atuar, sendo assim apresentando um efeito anti-inflamatório.

De acordo com estudos de Mesquita, 1995, a terapia hiperbárica mostrou-se a eficiente no tratamento de várias doenças como infecção por Clostridium, cicatrização de feridas, osteomielite sem resposta ao tratamento convencional, abcessos de fígado e baço ou outros em lugares de difícil acesso para efetuar drenagem cirúrgica, enxertos de pele, queimaduras cutâneas e outros tecidos comprometidos por isquemia e/ou infecção. No entanto, variações de pressão podem ocasionar lesões barotraumáticas e dentre as mais frequentes, destacam-se as lesões timpânicas, nos seios paranasais, pulmões e cavidades ocas. Além disso a toxicidade pulmonar pode se manifestar após exposições prolongadas ao oxigênio hiperbárico. Quando intoxicado, o paciente apresenta sinais de traqueobronquite transitória, podendo evoluir para Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (ARDS) e posteriormente, fibrose pulmonar intersticial (OLSZEWER, 2008).

Embora a terapia com oxigênio hiperbárico possa beneficiar pacientes com certas feridas ou doenças, os veterinários devem realizar ensaios clínicos adicionais para avaliar objetivamente os benefícios desta terapia e estabelecer diretrizes de segurança e limites de exposição específicos para equinos. A compreensão dos pesquisadores sobre o impacto dessa terapia nos cavalos – como todas as terapias e tecnologias emergentes – ainda é um trabalho em andamento e, embora os veterinários que utilizam HBOT digam que a modalidade mostra uma promessa significativa, eles enfatizam que não é uma cura para todas as doenças. (STEELMAN, 2012).

Texto por:

Ananda Silvia Guimarães Batista – Médica Veterinária pelo Centro de Ensino Superior de Valença

Guilherme Romeiro de Carvalho – 6º período do Centro Universitário Barão de Mauá

Laura de Oliveira Bauer – 8º período de Zootecnia da Universidade Federal de Goiás – UFG

Letícia Bisso Paz, 8º período da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

Loiane Diniz – 5º período da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC BETIM

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