O ferro é um micromineral de grande importância que se apresenta ligado a proteínas e enzimas no organismo, além de ser um componente fundamental para moléculas como hemoglobina e mioglobina que desempenham papel vital no transporte de oxigênio para as células.
Na espécie humana, quando os atletas são submetidos a exercícios intensos por tempo prolongado, ocorre um decréscimo nos níveis de ferro, causando anemia e queda de desempenho atlético. Baseando-se nesses estudos, criadores e médicos veterinários apresentam grande preocupação com esse déficit de ferro nos equinos atletas, submetendo-os a suplementos à base desse mineral. Porém não há comprovação científica em que o exercício possa causar deficiência de ferro ou que a suplementação possa gerar melhora no desempenho atlético.
O eqüino recebe ferro através da dieta e através da reciclagem de hemácias, porém o metabolismo do ferro vai depender da biodisponibilidade de alimento, da digestão e absorção intestinal do animal, além do transporte plasmático e captação do micronutriente. Os desequilíbrios metabólicos em equinos estão relacionados com a deficiência ou sobrecarga de íons ferro, porém, é mais comum a sobrecarga de ferro em cavalos adultos, mas não é incomum em potros, sendo esse desequilíbrio relacionado à baixa quantidade de ferro presente no leite materno.
Nos equinos ocorrem perdas pouco significativas de ferro diariamente através das fezes, urina, descamação de células da mucosa intestinal e ferro biliar que não foi absorvido, além de perder através da descamação cutânea, entretanto essa perda é compensada através da alimentação e absorção intestinal, mantendo a homeostase.
Cavalos que são suplementados com ferro e não apresentam deficiência, terão excesso de ferro no organismo, prejudicando-o, pois o excesso de ferro é tóxico e será armazenado nos tecidos, induzindo a lipoperoxidação que é ocasionada pelos radicais livres, causando a disfunção das organelas, além de destruição de mitocôndrias. Essa intoxicação por ferro apresenta como manifestações clínicas graves: hepatopatias, linfopenia, trombocitopenia, insuficiência renal, além de outros sinais clínicos como gastroenterites, diarréia, dor abdominal, mucosas ictéricas.
Vários fatores influenciam no grau de intoxicação, dentre eles, a forma de administração do ferro. Em administração oral a chance de toxicose é menor do que por via intravenosa, pois, quando o ferro é injetado, ultrapassa a capacidade de se ligar a transferrina (glicoproteína de transporte que carreia o ferro no plasma e no líquido extracelular para suprir as necessidades dos tecidos), ocorrendo o acúmulo de ferro na forma livre, dessa forma, ocorre uma sobrecarga no fígado, além de induzir a produção de radicais livres. O ferro administrado por via oral como o sulfato ferroso também apresenta um alto potencial de intoxicação. Porém, não há estudos que verificam a quantidade de ferro necessária para causar intoxicação, devido a influência de fatores como via de administração, doenças pré-existentes, concentrações de antioxidantes (vitamina E e Selênio).
Segundo estudos, as forragens e grãos apresentam elevado teor de ferro em sua composição; a forragem contêm de 50 a 400 mg de ferro/ kg de MS e os grãos de cereais apresentam de 30 a 90 mg/kg de MS, para 40 mg de ferro/kg de MS que um eqüino precisa para sua manutenção.
Como forma de melhorar o desempenho do animal e evitar excesso de ferro no organismo do mesmo, o melhor a ser feito é disponibilizar uma dieta balanceada, rica em gramíneas nativas e grãos. O veterinário poderá avaliar se o animal tem, de fato, deficiência de ferro, e, se o mesmo necessita ou não de suplementação.
Texto por: Maria Eugênia Schiavoni- 7º Termo no Unisalesiano de Araçatuba-SP
Edição e Revisão: Deivisson Ferreira Aguiar – Médico Veterinário – CRMV-ES 1569
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