Shockwave
A fisioterapia é uma área que se encontra em expansão na medicina veterinária, principalmente na medicina esportiva equina. Dentre as diversas técnicas utilizadas podemos citar a crioterapia, termoterapia, hidroterapia, massagens, shockwave entre outras. Todas as técnicas buscam acelerar a recuperação de lesões, prolongar a vida útil esportiva do animal, reduzir o tempo de afastamento da atividade esportiva e consequentemente a mimetização na perda financeira a qual está associada na interrupção das atividades esportivas.
Fonte: Página do Alibaba.
Introdução
O shockwave ou também chamado de terapia por ondas de choque (TOC) vem sendo utilizada de forma crescente nas enfermidades do aparelho locomotor equino, pois é classificado como um tratamento não invasivo e com resultados positivos na reabilitação de equinos atletas, sendo indicado no tratamento de lesões nos tecidos moles e no alívio da dor crônica.
O shockwave ou TOC são impulsos acústicos os quais geram uma pressão mecânica de curta duração, a intensidade e a frequência da energia liberada são configurações no aparelho de acordo com o diagnóstico e necessidade de cada paciente. Atualmente no mercado existem três tipos de geradores de onda de choque: eletrohidraúlicos, eletromagnéticos e piezoelétricos, entretanto a grande maioria dos centros de reabilitação de cavalos atletas dispõe apenas dos aparelhos eletrohidráulico e piezoelétricos.
Mecanismo de Ação
As ondas de choque são ondas de pressão acústica criadas por um gerador e propagadas no corpo do animal, onde exercem seus efeitos nos tecidos focais e adjacentes ao ponto de contato. Apesar de não se conhecer o mecanismo exato de como as ondas de choque exercem seu efeito nos tecidos, quatro fazes da reação são pressupostas ao decorrer do corpo, as fases físicas, físico-químicas, químicas e biológicas.
Na fase física, ocorrem cavitações extracelulares (formação de cavidades ocas nos líquidos), ionização de moléculas e um aumento da permeabilidade das membranas pois os tecidos contraem-se e expandem-se com a mesma frequência que as ondas são transmitidas aos tecidos biológicos, resultando e um movimento oscilatório de suas moléculas.
Na fase físico-quimica, consiste na interação entre os radicais difundidos e as biomoléculas liberadas pelas células que levarão para a fase química, caracterizada então por reações intracelulares, essas reações intracelulares ocorridas na fase química se persistirem irão constituir a fase biológica.
Efeitos Terapêuticos
- Ocorre um aumento da produção de colágeno, já que uma quantidade suficiente é necessária para os processos de reparação das estruturas ligamentares e musculoesqueléticas danificadas.
- Também auxilia na melhoria do metabolismo e microcirculação, pois acelera a remoção de metabólitos nociceptivos, aumenta a oxigenação dos tecidos fornecendo assim uma fonte de energia ao tecido danificado.
- Auxilia na restauração da mobilidade através da dissolução dos fibroblastos calcificados, pois dissolve os fibroblastos calcificados e começa posteriormente uma descalcificação bioquímica de calcificações primárias ou sintomas secundários de artrose.
- Promove uma regeneração tecidual, onde as ondas de choque estimular e/ou reativam todo o processo de cicatrização, assim levando uma liberação local dos fatores de crescimento relacionados com a angiogênese a qual proporcionará a estimulação da neovascularização com proliferação celular e regeneração tecidual.
Efeito Analgésico
- Diminuição da tensão muscular e inibição dos espasmos
A hiperemia é um dos efeitos básicos da terapia por ondas de choque, pois ela proporciona um melhor fornecimento de energia para os músculos hipertônicos e suas estruturas ligamentares, a qual leva a diminuição das interações patológicas entre actina e miosina, resultando na redução da tensão muscular que a maioria das vezes é dolorosa para o animal.
- Redução da concentração da substância P
A atividade da substancia P resulta na estimulação de fibras aferentes nociceptivas, a qual promove o aumento do edema e estimula a produção de histamina, diminuindo assim a concentração da substância P reduz-se a dor na área lesionada e o risco de desenvolvimento de edema.
- Teoria das comportas (The Gate Control Theory)
O mecanismo exato que leva à analgesia ainda não se sabe, porém pode estar relacionado com a despolarização das fibras nervosas de maior diâmetro, favorecendo assim o bloqueio dos impulsos nociceptivos a nível medular. Os estímulos intensos podem iniciar um controle descendente inibindo a transmissão da dor através das raízes dorsais, estes estímulos também podem provocar uma destruição dos receptores da dor assim impedindo a propagação da mensagem nociceptiva.
Indicações
As principais indicações são para dor crônica, fraturas não consolidadas, não união óssea, artrose, lesões musculares e tendíneas, úlceras de pele de difícil cicatrização. Entre as enfermidades mais tradas em equinos atletas pelo shockwave estão:
- Desmites e tendinites crônicas (incluindo lesões com calcificações)
- Bursites crônicas
- Sesamoidites
- Fraturas crônicas
- Fratura do processo palmar da terceira falange
- Irregularidades ósseas
- Feridas com dificuldade de cicatrização ou que necessitem de uma rápida cicatrização
- Miosite crônica
- Fibrose muscular
- Mialgia lombar
- Kissing spine
- Doença do navicular
- Lesões no menisco
- Artroses
Fonte: Página do Alibaba.
Conclusão
É de grande importância a utilização de novos tratamentos visto que a utilização dessas ferramentas abre gama de possibilidades para o profissional que adéqua o procedimento ao caso enquanto ao proprietário proporcionará o poder de optar pelo tratamento a ser realizados conforme suas condições financeiras.
O shockwave ou TOC é uma alternativa fisioterapêutica muito interessante já que os animais aceitam muito bem as manipulações, sendo assim uma técnica viável não-invasiva, com baixa probabilidades de complicações a qual previne ou reduz as chances de procedimentos cirúrgicos e não influencia em futuras intervenções. Porém, são necessários mais estudos sobre o mecanismo de ação para concretizar os achados clínicos que já são obtidos nos animais em que recebem o tratamento com essa tecnologia.
Referências
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