A odontologia equina vem sendo amplamente abordada, em seminários e congressos da área de Medicina Veterinária, e pode trazer benefícios para todos os seguimentos da eqüinocultura, porque além de melhorar desempenho esportivo, também influencia em toda a fisiologia do animal, já que o cavalo passa em torno de 18 horas por dia se alimentando e precisa que o alimento chegue bem triturado em seu trato digestivo, para um bom aproveitamento do alimento.
Alguns proprietários reclamam que o animal não se alimenta bem e derruba da boca ração ou alfafa, e outros que o animal come muito e não ganha peso, em ambos os casos podem ser problemas dentários relacionados a mastigação, provocando dores e dificultando até a equitação do animal que apresenta reações ao freio. Outro problema muito corriqueiro em animais em inicio de doma são os “dentes de lobo” que podem provocar dores com o toque da embocadura, fazendo com que o animal defenda um lado ou balance a cabeça ao comando da redea,e em cavalos de prova a não realização de uma virada perfeita já que o animal sente dor. Com tudo, um bom serviço Odontológico em Eqüinos deve ser feito por profissional, Médico Veterinário.
Conforto e eficiência
A odontologia eqüina é uma área relativamente nova como especialidade veterinária. Proprietários, treinadores e veterinários estão cada vez mais valorizando o exame e o tratamento dentário, incluindo-os na sua rotina. As principais razões pelas quais há grande necessidade dessa prática são: Nós modificamos os hábitos e os padrões alimentares dos eqüinos através da domesticação e do confinamento; nós freqüentemente selecionamos animais para reprodução sem considerar problemas relacionados à dentição; e nós exigimos cada vez mais de nossos cavalos de performance, iniciando-os em esportes ainda jovens.
O papel do dentista na doma é essencial, pois o conforto promovido pelo tratamento torna o trabalho do treinador e o aprendizado do potro mais fáceis e menos estressantes, melhorando, por conseqüência, o resultado final. Cólica, queda na performance atlética e perda da condição física podem estar diretamente relacionados à saúde oral do cavalo.
Os problemas mais comumente encontrados nos exames orais são:
1- Excesso de pontas de esmalte
Pontas dentárias são encontradas em todos os cavalos, porém, quando em excesso, podem lesionar as bochechas e a língua, causando dificuldade mastigatória e desconforto com o uso de cabeçada e embocadura.
2- Maloclusão
Ou seja, uma relação anormal entre os dentes superiores e inferiores, que pode causar formações pontiagudas, como excesso de pontas de esmalte, bicos e ganchos e desnivelamento, como rampas e degraus nos dentes. Necessitam de nivelamento e ajuste, pois podem machucar as partes moles da boca,causar problemas nas articulações têmporo-mandibulares, propiciar estresse dental que leva a fraturas, e desconforto do animal durante a mastigação e durante o trabalho.
3- Dente do lobo
Este dente é vestigial, não tem função na mastigação, mas pode ferir as bochechas, a língua, e/ou entrar em choque com o bridão, podendo ser extremamente desconfortável. Este dente podem ser reduzido ou extraído conforme sua posição e tamanho e conforme a função do cavalo. Geralmente são encontrados na parte superior da barra e erupcionam com cerca de 6 – 10 meses de idade.
4- Desordens de erupção
Dentes decíduos (de leite) impactados são mais comuns do que se pensa, e necessitam de extração, pois podem causar distúrbios na erupção dos dentes permanentes, doença periodontal e dor.
5 – Fraturas dentárias
Fraturas são comumente encontradas no exame da cavidade oral de cavalos. Podem ser bem pequenas ou podem atingir quase toda a coroa clínica (parte da coroa do dente que se encontra na cavidade oral). Fraturas com fragmentos deslocados podem causar dor nas bochechas e na língua, promover exposição e eventual contaminação da polpa dentária com conseqüente doença endodôntica e formação de abscesso periapical. Devem ser cuidadosamente exploradas e tratadas de acordo com a gravidade.
É muito importante que se inicie os exames orais nos potrinhos o quanto antes, pois algumas vezes podemos observar problemas que podem ser resolvidos quando o animal é ainda jovem, prevenindo desordens que podem ser determinantes no seu desenvolvimento, assim como em exposições e competições.
O cavalo pode reagir ao desconforto e à dor jogando a cabeça para o alto, balançando a cabeça, mordendo a embocadura, com falta de apoio, dificultando manobras para os lados, ou de qualquer outra forma que encontrar para rejeitar a embocadura.
Cavalos que estão em constante manutenção apresentam melhor mastigação e digestão, aproveitando melhor o alimento e diminuindo o risco de cólica. Além disso, há o conforto percebido na hora de montar.
O tratamento periódico, geralmente 2 vezes por ano, é essencial para a manutenção da “saúde bucal” dos cavalos, pois as interferências causadas por anormalidades no desgaste dos dentes pode interferir na saúde, na performance, no temperamento e na longevidade do seu cavalo.
Enfim, a odontologia promove melhoras notáveis nos animais nos aspectos físico, atlético, e porquê não psicológico, criando condições para que o cavalo desenvolva todo o seu potencial.
Autora: CARLA MICHEL OMURA, Médica Veterinária.
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