Uma boa técnica cirúrgica oftálmica somada a um correto tratamento clínico é essencial para o tratamento e resolução de algumas patologias oculares em equinos.

A terceira pálpebra, também conhecida como membrana nictante, é frequentemente usada como retalho para cobrir lesões de córnea nos cavalos, pois promove proteção física e traz suprimento sanguíneo, da conjuntiva que recobre a terceira pálpebra em justaposição com a lesão corneana, auxiliando na recuperação.

A técnica pode ser aplicada durante a cicatrização de uma inflamação, após uma cirurgia ou trauma, e em casos de úlcera de córnea não infectadas, onde é amplamente utilizada, facilitando a recuperação por fornecer apoio e reforçar a córnea enfraquecida, evitando futuras lesões. A cirurgia é feita com anestesia geral, ou anestesia local associada a sedação do animal, e na preparação pré- cirúrgica é indicado a tricotomia da região periocular, garantia dos equipamentos como instrumental e luz, além do uso de solução fisiológica para irrigação ocular.

Existem dois principais métodos para realização do flap: A fixação da terceira pálpebra a pálpebra superior, ou a conjuntiva superior, sendo de extrema importância que o fio de sutura não toque a córnea durante o processo, para não causar irritação.

 

Imagens: Terceira pálpebra ligada a conjuntiva e a pálpebra superior (Fonte: Equine Surgery 3ª Ed. 2006)

Algumas desvantagens incluem o obscurecimento temporário da visão e dificuldade de avaliação da evolução da lesão; quando mal aplicado, o flap pode causar pressão à cornea e piorar a lesão,ou ainda atrapalhar a aplicação tópica de medicamentos. No entanto tais desvantagens podem ser evitadas mediante a realização de suturas feitas de modo a permitir o abaixamento periódico para avaliação e com a aplicação cuidadosa e meticulosa da técnica com a possibilitando o uso de um tubo de equipo esterilizado para distribuir pressão da sutura e evitar tensão excessiva, e ainda a colocação de um sistema de lavagem subpalpebral para medicar o olho efetivamente.

Em cavalos, o flap de terceira pálpebra é frequentemente associado a outra técnica cirúrgica chamada tarsorrafia, que é a sutura da pálpebra de forma temporária, promovendo ainda mais proteção à área afetada.

Como cuidado pós-operatório, podem ser indicados antibióticos tópicos e sistêmicos e anti-inflamatórios. O médico veterinário responsável pela cirurgia, mediante avaliação do animal e do caso, indicará a melhor terapeutica.

(Imagem 4) A- Laceração de córnea causada acidentalmente por uma pedra. B- Flap de Terceira pálpebra. Retirado após 10 dias. Cavalo obteve recuperação, com uma cicatriz corneana. (Fonte: Equine Surgery 3ª Ed.2006)

Referências

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BROOKS, D. E., Oftalmologia para veterinários de eqüinos. Wyoming: Roca, 2002.

GELATT, K. N., Veterinary ophthalmology, 3ª ed. Maryland: Lippincoott Williams e Wilkins, 1999.

SHALA, S.K et al. Management of corneal ulcer using third eyelid flap technique in a

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SLATTER, D. HAKANSON, N. Córnea e esclerótica. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais, 2ª ed. Pennsylvania: Saunders, 1995.

Texto por: Nátali Alvarenga, 4º ano de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Bandeirantes – PR.